A campanha de operações de Maio terminou com a saída das nossas últimas pacientes no dia 1 de julho para regressarem às suas casas. Começámos com 213 mulheres que entraram na sala de operações, dos quais 202 que foram submetidas a operações de reparação de fístulas (as outras mulheres receberam procedimentos exploratórios ou outros). Destas 202 mulheres, cerca de 80% estão curadas. Seco! São 159 mulheres que estão agora livres para viver as suas vidas sem a dor e a indignidade da fístula obstétrica. Aproximadamente 7% das mulheres operadas tiveram a fístula fechada com sucesso, mas ainda sofrem de alguma incontinência. Isto pode ou não desaparecer à medida que os seus corpos se ajustam e reaprendem a usar os músculos para controlar esta área. Alguns podem ter muitas cicatrizes neste tecido e sofrer incontinência para o resto da vida. Cerca de 14% das mulheres (29 mulheres para sermos exatos) não tinham a fístula fechada. Continuam precisando de novas operações.
Trabalhamos em conjunto com todas as mulheres, e especialmente com aquelas que ainda têm incontinência ou que não tiveram a fístula fechada, para lhes dar esperança e também força para enfrentar o seu futuro. Muitos terão de se submeter novamente à cirurgia, talvez até várias vezes. Alguns podem nunca ser curados. Esta é uma verdade muito duro. A nossa equipa de Trauma e Reintegração ajuda a preparar as mulheres para enfrentar esta verdade – com coragem, determinação e autoestima. Ao lado está uma foto de Isabel. Olhe para o sorriso dela. A sua confiança. Ela não está curada. Mas ela disse: "Tirem a minha fotografia. Olhem para mim. Estou feliz. Estou bem. Eu vou voltar para outra operação". Que bênção ver tanta confiança nela!
Todas as mulheres que sofrem a indignidade da fístula obstétrica, mesmo as que foram curadas, ainda têm anos de trauma para processar. No início de 2024, entrevistámos mulheres que tinham sido curadas da sua fístula obstétrica anos antes, mas uma mulher disse: "Lá em baixo, estou curada. Mas no meu coração, não estou bem. Não durmo bem, sinto raiva, não sei o que fazer." A nossa esperança é que o nosso trabalho ajude as mulheres a serem curadas de forma holística. Queremos ajudar a curar a dor e o sofrimento emocional que nenhuma cirurgia pode reparar.
O nosso programa Trauma tem como objetivo ajudar todas as mulheres submetidas a uma cirurgia de reparação de fístulas a iniciarem também o longo e difícil caminho da cura espiritual e emocional. Isto começa no pós operatório, e a nossa equipa faz o seu melhor para continuar dar acompanhamento e apoio adicional depois das pacientes regressarem a casa. O acompanhamento é essencial - pelo seu bem-estar físico e emocional. As pacientes em recuperação de uma cirurgia de reparação de fístula não podem transportar cargas pesadas durante vários meses. Este é um fardo difícil quando as mulheres são as principais responsáveis pelo transporte de água! Se as famílias não apoiarem, a mulher pode facilmente danificar os trabalhos de reparação e reabrir a fístula. As visitas domiciliárias também reforçam o vínculo entre a nossa equipa e as nossas pacientes (as nossas sobreviventes, as nossas “guerreiras”, como lhes chamamos) e dão às mulheres a hipótese de continuar a sua jornada de cura emocional.
Abaixo partilhamos uma foto da nossa Coordenadora de Trauma e Reintegração (Elisa) e membro da equipa (Vidal) a visitar uma paciente da campanha de maio na sua casa! Estamos juntos!
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